sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Astrologia...

O modo mais rápido, mais usado e menos conhecido, de voltar no tempo, é observar as estrelas. É nostalgiante pensar que a estrela estonteante que você observa, admira, perde minutos do seu precioso tempo contemplando, já pode ter apagado. Não gosto de pensar que as estrelas estão tão longes a ponto de ela poder ter uma década de idade, quando eu começar a enxerga-la, ou que no seu ápice pra mim, ela já se apagou. E levando em consideração que o cérebro é demasiado rápido e consegue ter zilhões de pensamentos em um segundo, basta eu olhar para as estrelas e eu começo a estimar hipoteticamente sua idade atual e o tempo que aquela determinada luz demorou para chegar em mim e tento me lembrar o que eu fazia nessa época. Essa é uma das minhas brincadeiras internas, que só eu entendo e não sei explicar (vide tentativa na frase anterior). E acreditem, apesar de que a minha memória sempre falha, ela funciona bem com esse processo-brincadeira e nem sempre me agrada. Apesar de sempre lembrar algo que me faça rir por deliciosos longos minutos, sempre me remeto a lembranças desagradáveis, como despedidas. Sou péssima com elas e em lidar com elas, entretanto comparando com supera-las, sou exorbitantemente boa nos dois anteriores. Ademais, observando as estrelas consigo ter todas as emoções já descobertas. E isso é o ínfimo do que me fascina nelas.


É necessário levar em si mesmo um caos, para pôr no mundo uma estrela dançante. (Friedrich W. Nietzsche)

sábado, 29 de agosto de 2009

The Best Of Me

Sucessivamente minhas palavras nesse pseudodiário online foram algo nostálgico. Reminiscências, sentimentos, melancolias, decepções. No entanto, hoje estou no clima pra falar do melhor relacionamento que existe em minha vida.
Tens noção de quantos ‘pra sempre’ são ditos diariamente por todas as pessoas que se relacionam, seja namoro, amizade e/ou qualquer coisa? E tenho uma pergunta melhor, imagina quantas dessas promessas são quebradas? Realmente não tenho curiosidade sobre a resposta. Quiçá seja o motivo que mantemos um relacionamento absurdamente estável. Não brigamos nunca. Não que eu me lembre e minha memória é algo em que não se dá para confiar, portanto corrija-me se eu estiver errada. Ficamos por quase um ano sem manter contato diariamente, mas não deixamos de nos falar. Pelo contrário, essa 'pausa' foi bom pra ambos os lados, talvez. Amadurecemos. Sei que não aparento ter amadurecido tanto assim, mas vocês não sabem nada de mim como ela sabe. Podia dizer que ela me conhece melhor do que eu mesma.
Se quiserem saber o que eu menos gosto no mundo, algo que eu poderia descartar facilmente da minha vida, algo que eu bateria o pé, me jogaria no chão, berraria feito uma criança mimada que a mãe negou o pedido, faria qualquer coisa pra não existir, e quando eu digo qualquer coisa, quero dizer: qualquer coisa! Essa coisa grotesca da qual venho enrolando nesse parágrafo pra dizer, porque até mencionar isso me dói, é a despedida. Odeio mais que qualquer coisa no mundo ter que me despedir dela. Sei que ela se sente tão perdida quanto eu me sinto nas nossas despedidas. São sempre incomensuravelmente... deprimentes, por não ter palavra tão ruim pra descrever. Tentamos encenar como se não doesse tanto, ambos os lados. Passamos basicamente o dia todo falando em inglês, pra parecer divertido. Depois relembramos nossos futuros detalhadamente desenhados por nós e para nós. E quem sabe esse seja o segredo, não prometemos um futuro juntas, sabemos dele. Tão perfeito, unidas, felizes. Como fomos um dia, como somos quando nos vemos, como seremos daqui um ano e quatro meses. Eu quis dizer como fomos, somos e seremos sempre quando juntas. Mas nada, eu disse nada, das coisas que fazemos pra disfarçar a dor que sentimos, funcionam afinal, e não conseguimos impedir que as lágrimas rolem no abraço derradeiro.
Não sei como ela se sente no trajeto pra casa, mas eu fico incomunicável. Viajo mentalmente e revivo em poucas horas os nossos últimos dias juntas. E apesar de abatida com a sua partida (rimei), sorrio e me sinto feliz em demasia por ter tanta certeza sobre algo, talvez tão exultante quanto agora, apenas por saber sobre nosso relacionamento e destino.
Não consigo me referir a esse sentimento como ‘amor’, porque não é amor, já passou disso há muito tempo. Não é de hoje que dizemos isso. Esse sentimento é mais forte e maior, e também não é algo eterno, porque coisas eternas não se alteram nunca, e esse sentimento só cresce, pelo menos em mim sim. É algo que nós inventamos e ultrapassa qualquer paradigma já imposto relacionado a amar. Um sentimento só nosso. Como todas as coisas que inventamos, como todas as piadas internas que são apenas nossas. Como nossas músicas, como nossas fotos, como nossos casais fakes, como nossos turnos, como nossos chars, como nossos roubos, como nossa viagem, como nossos amigos, como nossas histórias, como tudo que associa eu a você ou você a mim.
Voltando às perguntas iniciais, contar-lhe-ei algo inusitado, nessa nossa relação é difícil nos ver de melação, declarando nosso amor o tempo todo de forma exaustiva e enjoativa. Claro que o fazemos! No entanto são feitas praticamente nas despedidas online como algo comum: boa noite, cuide-se, amo você; e nas despedidas citadas ali em cima, estas são as sinceras e melosas, mas somente nós temos ciência delas. E agora vocês sabem que acontecem, mas ainda desconhecem a intensidade.
Posso proferir com o maior prazer e a maior certeza que talvez exista no mundo uma amizade – se é que assim pode ser chamado – como a nossa. Mas não existe até hoje alguém com algo mais forte ou mais sincero ou mais bonito. Nós somos como ninguém é. Nós pensamos como apenas um filosofo foi capaz, e ele morreu há cento e nove anos atrás. Nós agimos como você nunca agirá. Nós fazemos coisas que vocês nunca sonharam. A Dagliê e eu somos quem nós sonhamos ser. E seremos quem nós sonhamos por todo o sempre.
E sorte a de quem teve passagem na vida de uma das duas. Dádiva de quem teve as duas juntas por um dia que fosse. E parabéns à estes últimos, certamente vocês terão seus nomes camuflados em páginas cansativamente redigidas, mas excitantes ao ler. Entenda-me quem for capaz.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Gray

Notei agora que nunca dou devida atenção às coisas. Como a letra de uma música que tenho há tempos e só hoje percebi quão linda é a letra dela, quiçá porque agora ela se encaixa perfeitamente com a condição em que eu me encontro. E essa é apenas uma coisa fútil; agora, pára pra pensar quanta coisa pseudoimportante não deixamos de dar atenção ou o valor merecido o tempo todo. Ontem, conversando com um amigo, falei sobre uma teoria que vi num livro, o qual não me recordo o título, algo como "o dia, assim que se torna noite, começa a amanhecer" e chegamos à conclusão que isso é meio que um resumo de tudo na vida. Assim que tudo chega ao ápice, deixa de ser 'tudo' para se tornar 'nada' e então voltar a ser 'tudo'. E é uma espécie de oscilação infinita, um ciclo vicioso, maçante e indesejado, entretanto continuará acontecendo. Podíamos dar valor quando estivesse no ápice, mas é sempre quando está voltando a ser 'nada' que percebemos que devíamos o fazer. Mas já está decaindo, então você não o terá, porque a noite não decide no meio da madrugada a continuar noite e deixar de amanhecer. Os eclipses são reais, sim, tanto no dia como na noite, no entanto advêm uma vez a cada cinco anos, ou mais, não espere que você seja o eclipse, uma vez que existem muitos outros casos também querendo ser, tanto quanto você ou até masi, não admita que lhe reste apenas a esperança de a sizígia acontecer.
Desagrada-me ver o quanto meus textos parecem falar de mim, quando são apenas meus pensamentos sobre o que eu vejo, o que eu repugno, o que eu queria poder trucidar e extinguir pelo menos ao meu redor. É sobre valores e sinceridade tudo o que eu já escrevi afinal. E eles acabam sendo sobre mim.



And he look at the giant and he saw nothing. Just 'cause he doesn’t matter 'bout him.